Quando se aboliu a escravatura, os escravos passaram a ser "livres", mas como não tinham quaisquer posses, iam trabalhar para o anterior patrão. Não sei se chegavam a ser pagos, mas o que sei é que tinham comprar os bens básicos (alimentação, etc) na loja do patrão, que era caríssima. O trabalho deles não chegava para subsistirem, e rapidamente estavam endividados até às orelhas. Se fugiam, eram presos, pois deviam dinheiro. Ficando, estavam enterrados para sempre, presos àquele trabalho e àquele patrão; a dívida aumentava sempre!
Noutros moldes, é o que se passa hoje. Podemos ganhar mais, é certo. Mas logo a publicidade se encarrega de convencer os mais desprevenidos -a maior parta da população - que o que temos não é suficiente.
Que só seremos sexys se usarmos o perfume X, que só atrairemos o sexo oposto se não tivermos caspa (e para isso há que usar o champô Y), que só teremos amigos se bebermos a cerveja Z, que só seremos felizes se tomarmos o medicamento W, que só nos sentiremos livres se possuirmos um veículo Q, que a casa dos nossos sonhos está no condomínio P, que os nossos filhos só serão alegres se lhes dermos a consola S, que só estaremos contentes com o nosso corpo se tomarmos o produto K para emagrecer, que a nossa casa só estará verdadeiramente limpa com o antibacteriano G... E o exercício podia continuar, mesmo não vendo eu televisão há muito tempo!
E depois entram os bancos e umas empresas que parecem muito simpáticas e emprestam dinheiro a toda a gente, para que se possa comprar tudo o que se queira. Porque para quem cai na armadilha deste estímulo ao consumo desmesurado, a resposta só pode ser o crédito! Neste momento as coisas já não estão tão fáceis, e isto embora os bancos tenham recebido massivas injecções de dinheiro dos consumidores (pois, não foram depósitos, foi mais empréstimo a fundo perdido...) para que depois pudessem dar mais créditos, os bancos guardaram muito bem esse dinheirinho e não emprestam a quase ninguém, que os tempos estão difíceis e nunca se sabe o dia de amanhã!
Mas ainda há pouco tempo víamos os preços das casas sempre a subirem, a Euribor a subir (ainda se lembram?) porque Mr. Trichet dizia que era importante controlar a inflação...
Agora não está mais fácil, mas pelo menos que as pessoas usem os próximos tempos para repensar as suas prioridades. Somos cidadãos ou consumidores?
quinta-feira, 12 de março de 2009
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